Entendendo a Vida e a Mensagem do Profeta Malaquias

Tempo de leitura: 19 min

em junho 5, 2025

Entendendo a Vida e a Mensagem do Profeta Malaquias

O Profeta Malaquias ocupa lugar singular entre os escritores proféticos do Antigo Testamento. Seu livro, o último dos doze profetas menores, fecha o período profético antes do retorno do povo judeu do exílio e antecede o surgimento de João Batista e do ministério de Jesus no Novo Testamento.

Conhecido por sua linguagem direta e mensagens contundentes, o Profeta Malaquias aborda temas como o desprezo pelos rituais religiosos, a corrupção sacerdotal, o divórcio, a infidelidade no casamento e a negligência com as ofertas.

Este artigo, explora a identidade, o contexto histórico, a estrutura literária, as principais temáticas e a relevância contínua de sua mensagem para leitores contemporâneos.

Contexto Histórico e Social do Profeta Malaquias

O período em que atuou o Profeta Malaquias situa-se após o retorno do cativeiro babilônico, aproximadamente entre 520 e 450 a.C., durante o reinado de Dario I da Pérsia (522–486 a.C.).

Nesse tempo, Jerusalém já havia sido reconstruída e o segundo templo reinaugurado em 516 a.C. Ainda assim, a comunidade judaica enfrentava problemas internos: líderes religiosos falhavam em manter padrões de santidade, o povo mostrava-se indiferente às obrigações cultuais, e havia crescente secularização diante das pressões internacionais e influências de outras culturas.

O Profeta Malaquias surge, então, para confrontar diretamente essas falhas, acusando sacerdotes de oferecer animais defeituosos no altar, indivíduos de se divorciarem sem justa causa, e a comunidade de negligenciar dízimos e ofertas (Ml 1:6–14; 2:1–3; 2:10–16; 3:8–12).

Seu nome, que significa “meu mensageiro” (do hebraico מַלְאָכִי, Malʾāḵī), já indica sua função primordial: servir como porta-voz de Deus para chamar à correção moral e espiritual.

Identidade e Autoria do Profeta Malaquias

A identidade exata do Profeta Malaquias permanece envolta em certo mistério. Ele não se apresenta com genealogia, nem menciona claramente suas origens familiares ou cidade natal, diferentemente de outros profetas que apontam sua linhagem sacerdotal ou tribal.

O nome “Malaquias” pode sugerir um título teofórico (“mensageiro de YHWH”) em vez de um nome pessoal, levando estudiosos a considerar que o autor seja um profeta menor cujo nome real ficou ofuscado.

No entanto, o livro é reconhecido no cânon judaico e cristão sem debate sobre sua autenticidade. A unidade temática e literária do texto reforça a ideia de autoria única ou de uma escola profética que compilou seus oráculos.

Independentemente da biografia, a mensagem do Profeta Malaquias revela profundo conhecimento das Escrituras anteriores e do contexto religioso pós-exílico.

Estrutura Literária do Livro do Profeta Malaquias

O livro de Malaquias possui quatro capítulos, distribuídos em oráculos que se desenvolvem em forma de diálogo entre Deus e o Seu povo ou sacerdotes.

A estrutura básica segue um padrão de pergunta-resposta: Deus apresenta uma acusação e a comunidade responde com objeções ou questionamentos, ao que o profeta devolve a palavra de juízo ou promessa. Pode-se esquematizar assim:

  1. Capítulo 1 (Juízo sobre os Sacerdotes)

    • Versículos 1–5: Saudação inicial (Malaquias 1:1).

    • Versículos 6–14: Crítica aos sacerdotes que desprezam o altar, oferecendo animais cegos, coxos e doentes.

  2. Capítulo 2 (Juízo sobre o Povo e os Sacerdotes)

    • Versículos 1–9: Denúncia dos sacerdotes que violam a aliança e não instruem o povo corretamente (Malaquias 2:1–9).

    • Versículos 10–16: Denúncia do divórcio sem causa justa e da infidelidade no casamento, arruinando a aliança matrimonial (Malaquias 2:10–16).

    • Versículos 17: Reclamação do povo contra Deus, acusando-O de ser parcimonioso na bênção.

  3. Capítulo 3 (Chamado ao Arrependimento e Promessa de Bênção)

    • Versículos 1–5: Profecia sobre a vinda de um mensageiro antes do “Dia do Senhor” (interpretação cristã relaciona a João Batista, enquanto no judaísmo refere-se a um anjo ou ao próprio Deus vindouro).

    • Versículos 6–12: Chamado ao arrependimento através da fidelidade nos dízimos e ofertas, com promessa de bênçãos abundantes (Malaquias 3:6–12).

    • Versículo 13–18: Crítica à infidelidade do povo que murmura contra Deus, acusando-O de não julgar corretamente (Malaquias 3:13–18).

  4. Capítulo 4 (Dia do Juízo e Exortação Final)

    • Versículos 1–3: Profecia do Dia do Senhor que consumirá os ímpios e trará cura aos justos (Malaquias 4:1–3).

    • Versículos 4–6: Exortação a lembrar a lei de Moisés e promessa do envio do profeta Elias antes do grande e terrível Dia do Senhor (Malaquias 4:4–6).

A síntese estrutural revela a progressão de acusações contra os sacerdotes e o povo, seguida de convite ao arrependimento, e termina com promessas escatológicas de juízo e restauração.

Temas Principais no Livro do Profeta Malaquias

1. Autoridade de Deus e Inviolabilidade da Aliança

Desde a saudação inicial, o Profeta Malaquias estabelece a legitimidade de sua missão como porta-voz divino: “A palavra do Senhor para Israel, por intermédio de Malaquias” (Ml 1:1).

A ênfase recai sobre a aliança de Deus com Israel, tanto a aliança sacerdotal quanto a matrimonial. Ao acusar sacerdotes de profanarem o altar e manipularem o culto, o profeta destaca que Deus rejeita cerimônias vazias quando o coração do adorador não está comprometido.

A inviolabilidade da aliança é reforçada quando critica o divórcio injusto, pois o matrimônio foi instituído como uma aliança sagrada (Ml 2:14).

2. Justiça Social e Religião Autêntica

Para o Profeta Malaquias, cumprir o culto externo sem justiça social é inútil. Ele acusa o povo de reter dízimos e ofertas, o que compromete a manutenção do templo e a causa social (Ml 3:8).

O profeta contrapõe a religiosidade hipócrita à prática da justiça e generosidade para com sacerdotes, pobres e estrangeiros. A mensagem deixa claro que o culto genuíno a Deus reflete-se em atitudes éticas no relacionamento interpessoal.

3. Juízo e Misericórdia de Deus

Malaquias apresenta Deus como Juiz irado contra a corrupção espiritual, mas também como bondoso que deseja restaurar o relacionamento.

No capítulo 3, o convite ao arrependimento está vinculado à promessa de bênçãos: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e depois fazei prova de mim […] e vos derramarei as janelas do céu” (Ml 3:10).

O profeta equilibra o juízo iminente com a misericórdia divina, mostrando que a restauração está ao alcance dos que se voltam em sincero arrependimento.

4. Esperança Escatológica

O livro termina com preâmbulo escatológico: “Eis que vem o dia, ardente como forno” (Ml 4:1), anunciando um tempo de julgamento dos ímpios e cura para os justos.

A menção ao envio de Elias (Ml 4:5) traz esperança de intervenção divina antes do juízo final. Para a tradição cristã, este texto ganha releitura ao ser interpretado como referência a João Batista, precursor de Cristo (Mt 11:10; 17:11-12).

Assim, o Profeta Malaquias antecipa a vinda do Redentor e sublinha o papel do arrependimento na preparação para o Dia do Senhor.

Exegese de Passagens-Chave do Profeta Malaquias

Revisão de Malaquias 1:6–14 (Repreensão aos Sacerdotes)

No início do capítulo 1, Deus expressa indignação contra aqueles que O tratam com desprezo: “Vocês oferecem frutos mancos sobre o meu altar.

Oferecem-me aves sem valor, pois eu não aceitaria tal sacrifício. […] Será que numa só casa não se pode conservar o melhor para oferecer ao senhor?

Vocês oferecem até o que custa pouco” (Ml 1:8–9). A crítica principal é a oferta de animais defeituosos, revelando falta de reverência e amor a Deus.

O conceito de “melhor” (em hebraico, טוֹב‎, tov) contrapõe-se a “sórdido” ou “manco”, indicando que o ofertante dá a sobras em vez do melhor produto. O texto denuncia a rejeição divina a sacrifícios dados de forma superficial, sem dedicação de coração.

Análise de Malaquias 2:10–16 (Fidelidade no Casamento)

Malaquias 2:10 introduz a acusação de infidelidade: “Acaso Deus não fez um só entrelaçamento do povo? E ainda assim ele possui Deus um espírito que espalha e destrói a aliança de nossos pais?”

O argumento baseia-se no fato de que Deus é o autor da criação humana e da aliança matrimonial. O versículo 16 é contundente: “Pois o Senhor, o Deus de Israel, diz: ‘O homem despreza a fidelidade da mulher que é a esposa da sua juventude, pois ela é digna de consideração, embora você a tenha tratado com violência — a infiel!’ (…) Guardem-se cada um da sua conduta e não sejam infiéis para com a esposa da sua mocidade”.

O profeta combate o divórcio injustificado, a favor da preservação do vínculo conjugal como testemunho da fidelidade de Deus para com Israel.

Interpretação de Malaquias 3:1–5 (Anúncio do Mensageiro)

O capítulo 3 abre com a promessa de enviar um “mensageiro” que prepararia o caminho para o Senhor: “Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o domidor do convênio, a quem vocês desejam; e eis que vem, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 3:1).

Há controvérsias sobre a identidade deste mensageiro: alguns entendem que seja o próprio Deus (YHWH) ou um anjo; no contexto cristão, a referência aponta para João Batista.

A expressão “domidor do convênio” pode ser traduzida como “mensageiro do pacto”, indicando aquele que anuncia o cumprimento da aliança divina.

O versículo 2 enfatiza o juízo: “Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá quando ele se manifestar? Porque ele é como o fogo do fundidor” (Ml 3:2).

Os versículos seguintes listam as acusações divinas contra sacerdotes, profetas e nações, reforçando a ideia de purificação e retribuição.

Reflexão sobre Malaquias 4:4–6 (Promessa do Retorno de Elias)

No encerramento do livro, Malaquias exorta: “Lembrem-se da lei de Moisés, meu servo, que ordenei a ele em Horebe para todo o Israel: estatutos e julgamentos” (Ml 4:4).

Em seguida, proclama: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (Ml 4:5).

Esta profecia criou expectativa messiânica de restauração dos corações dos pais para com os filhos. Jesus Cristo retoma esse texto, afirmando que João Batista veio no “espírito e poder de Elias” (Lucas 1:17), e que aqueles de coração endurecido rejeitariam tanto a mensagem de Elias quanto a de Cristo (Mateus 17:10-13).

Assim, o Profeta Malaquias estabelece conexão escatológica entre as promessas do Antigo Testamento e o Novo Testamento.

Relevância Teológica e Aplicações Contemporâneas

1. Integridade no Culto e no Trabalho Religioso

A denúncia de ofertas corruptas feita pelo Profeta Malaquias desafia líderes religiosos atuais a avaliar em que medida a prática cultual reflete integridade e compromisso com a verdade divina.

Igrejas e comunidades que vocalizam fé, mas têm líderes envolvidos em escândalos financeiros, imoralidades ou doutrinas desviantes, reproduzem, em certa medida, as falhas denunciadas por Malaquias.

Assim, a aplicação contemporânea exige transparência, compromisso ético e coerência entre palavra e ação no ministério.

2. Fidelidade Conjugal e Respeito à Família

A ênfase na fidelidade no casamento permanece urgente num contexto em que índices de divórcio e instabilidade conjugal aumentam.

O Profeta Malaquias valoriza o casamento como “aliança da vida” (Ml 2:15), estabelecida por Deus. Aplicar esse ensinamento hoje implica investir em aconselhamento pré-matrimonial, apoio a casais em crise e promoção de valores familiares que fortaleçam o compromisso mútuo.

3. Justiça Social e Compromisso com o Próximo

Quando Malaquias acusa o povo de reter dízimos e ofertas (Ml 3:8), ele denuncia falta de solidariedade com sacerdotes, necessitados e com a manutenção do culto público.

Nos dias atuais, isso se traduz em responsabilidade social: participação ativa em projetos comunitários, cuidado com os pobres e promoção de iniciativas de combate à fome, à miséria e à exclusão social.

O verdadeiro culto a Deus não está restrito a orações em templos, mas se manifesta no serviço ao próximo.

4. Profecia e Esperança Escatológica

As promessas de restauração final e o envio de Elias dão esperança de transformação incluso em meio a circunstâncias adversas.

Para cristãos, a interpretação de João Batista como “Elias” ressalta a continuidade da revelação divina e a necessidade de preparar o coração para o encontro com Cristo.

Hoje, isso se aplica numa perspectiva de vigilância espiritual: posicionar-se em obediência e sob a graça de Deus, aguardando o “grande e terrível dia do Senhor” com confiança e fé, sabendo que a justiça divina prevalecerá.

Perfil Religioso e Literário do Profeta Malaquias

Influências Literárias e Linguagem

O estilo literário de Malaquias é conciso e incisivo. Diferente de Isaías ou Jeremias, que utilizam imagens poéticas e longos discursos, Malaquias emprega diálogos curtos, com perguntas retóricas e respostas diretas.

O hebraico utilizado é simples, mas carregado de ironia e humor sutil em algumas passagens (“Será que num só altar não se queima incenso a Deus e a mirra enrolada?” Ml 1:11).

O profeta usa paralelismo e estruturas de disputatio—questão seguida de resolução—para envolver o ouvinte e revelar contradições na postura do povo.

Função Profética no Pós-Exílio

Malaquias representa a última etapa da atividade profética israelita antes do “silêncio” de quatro séculos que antecede João Batista.

Sua função foi restaurar a pureza religiosa num momento em que a reconstrução física do templo não se refletia na correção moral.

Profetas como Ageu e Zacarias já haviam incentivado a reconstrução do templo, mas Malaquias avança, acusando corrupção interna e chamando ao arrependimento autêntico.

Sua ação demonstra que a restauração não se mede apenas por estruturas materiais, mas pela transformação do caráter coletivo.

Comparações Entre Malaquias e Outros Profetas Menores

Embora todos os profetas menores compartilhem mensagens de arrependimento e restauração, Malaquias difere em alguns aspectos:

  • Agueu (Ageu): Foca-se na reconstrução do templo e no encorajamento para o trabalho, ressaltando a glória futura.

  • Zacarias: Usa visões apocalípticas, cheio de simbolismo, para instruir e consolar o povo.

  • Malaquias: Adota estilo discursivo direto, com ênfase em confrontar falhas éticas dos sacerdotes e do povo, peculiar por seu tom inquisidor e diálogos.

Além disso, outros profetas menores como Amós e Miquéias tratam injustiças sociais, mas Malaquias destaca ritualismo vazio, demonstrando que a corrupção no culto está diretamente ligada à crise moral da comunidade.

O Legado do Profeta Malaquias na Tradição Judaica e Cristã

Na Tradição Judaica

No cânon hebraico, Malaquias finaliza o Tanakh, encerrando a coletânea dos Profetas (Nevi’im). Sua mensagem permanece relevante na liturgia judaica, especialmente em leituras públicas durante ciclos sabáticos.

O livro de Malaquias também influencia a expectativa messiânica de restauração de Israel, sendo interpretado como promessa de retorno de Elias antes do Dia do Senhor (Ml 4:5-6). Essa esperança molda práticas litúrgicas e orações de vésperas que invocam a vinda do anjo precursor.

Na Tradição Cristã

Para o cristianismo, Malaquias apresenta prefigurações importantes. O vínculo entre a vinda de Elias e João Batista é estabelecido nos evangelhos de Mateus e Marcos, reforçando a ideia de cumprimento profético (Mt 11:10; Mc 1:2).

A figura de João Batista como precursor de Cristo se fundamenta nessa promessa de Malaquias. Além disso, ensinamentos sobre fidelidade no casamento e justiça social são reiterados no Novo Testamento como princípios eternos do Reino de Deus.

A leitura de Malaquias no contexto cristão inspira homilias sobre compromisso com Deus, integridade e esperança escatológica.

Aplicações Práticas para a Vida Espiritual Hoje

1. Avaliação da Qualidade do Culto

Comunidades de fé podem refletir se suas práticas de adoração expressam sinceridade ou se foram reduzidas a rituais mecânicos.

Inspirados pelo Profeta Malaquias, líderes e membros devem buscar renovação espiritual que ultrapasse meros símbolos.

A ênfase no coração “arrependido” (Ml 2:13) estimula introspecção: será que oferecemos aquilo que temos de melhor a Deus em nossas orações, louvores e decisões?

2. Resgate do Valor da Família e do Matrimônio

Diante da banalização do matrimônio, a exortação do Profeta Malaquias desafia casais a valorizar sua aliança como reflexo da aliança de Deus com Seu povo.

Igrejas podem promover programas de apoio aos casais, classes de casamento e aconselhamento pastoral que reforcem a visão bíblica de união conjugal e respeito mútuo.

3. Prática da Generosidade e Justiça Social

O chamado a trazer “todos os dízimos” (Ml 3:10) transcende a esfera financeira: envolve compartilhar tempo, recursos e talentos com comunidades carentes.

Atividades como distribuição de alimentos, visitas a enfermos, capacitação profissional e acompanhamento de órfãos e viúvas são expressões contemporâneas dessa generosidade profetizada.

4. Preparação para o Encontro com Deus

Assim como o Profeta Malaquias apontou para a vinda de Elias antes do Dia do Senhor, os crentes são lembrados a viver em constante vigilância espiritual, aguardando o retorno de Cristo.

A prática de oração, estudo bíblico e vida de santidade são formas de “preparar o caminho” em nossos corações para o Senhor (Ml 3:1).

Estrutura Recomendada para Estudos e Sermões

Para educadores e pregadores que desejam transmitir a mensagem do Profeta Malaquias, sugerem-se tópicos divididos em unidades de ensino:

  1. Introdução ao Profeta Malaquias

    • Identidade e contexto histórico.

    • Relevância de seu nome e propósito profético.

  2. A Crítica ao Culto Vazio (Ml 1:6–14)

    • Qualidade das ofertas e reverência a Deus.

    • Implicações para a prática litúrgica atual.

  3. A Corrupção Sacerdotal e a Falta de Ensino (Ml 2:1–9)

    • Responsabilidade dos líderes espirituais.

    • Comparativo entre sacerdócio levítico e ministério pastoral contemporâneo.

  4. Fidelidade Conjugal e Integridade Familiar (Ml 2:10–16)

    • O casamento como aliança.

    • Desafios modernos para a união matrimonial.

  5. Chamado ao Arrependimento e Fidelidade Financeira (Ml 3:6–12)

    • O tema dos dízimos e ofertas.

    • Bênçãos associadas à fidelidade material.

  6. Juízo, Promessa e Esperança (Ml 3:13–4:6)

    • O Dia do Senhor e a figura de Elias.

    • Conexão com João Batista e Cristo.

  7. Aplicações Práticas e Reflexões Espirituais

    • Modernização dos princípios de justiça social.

    • Preparando o caminho para a ação de Deus hoje.

Cada unidade pode incluir leitura exegética, perguntas de reflexão e aplicação prática, incentivando a congregação a vivenciar a mensagem de forma transformadora.

Crítica e Interpretações Acadêmicas do Livro de Malaquias

Estudiosos debatem questões como a data exata da profecia e a ausência de menção ao governador Zorobabel ou à família sacerdotal de Esdras e Neemias, que atuavam no mesmo período.

Alguns sugerem data posterior, já no reinado de Artaxerxes I (c. 465–424 a.C.), baseado em alusões a práticas corruptas mais evoluídas.

Outros argumentam que o texto reflete tensões internas entre sacerdotes e lares sacerdotais filisteus que buscavam maior autonomia.

A interpretação da menção a Elias (Ml 4:5) também varia: enquanto o judaísmo espera a vinda literal de Elias, o avanço histórico aponta para o cumprimento em João Batista, quem pregou arrependimento antes de Jesus.

Estudo Comparado: Malaquias e o Novo Testamento

Paralelos com João Batista

No Novo Testamento, a conexão entre Malaquias e João Batista aparece em Mateus 11:10: “Pois é da parte dele que está escrito: ‘Enviarei o meu mensageiro à tua frente, e ele preparará o teu caminho diante de ti’”.

O próprio João reconhece seu papel profético em Lucas 1:17: “E irá adiante dele com o espírito e poder de Elias para reconciliar os pais com os filhos […]”.

Assim, a promessa malaciana transita de profecia a realização histórica no ministério de João Batista, marcando a transição do Antigo para o Novo Pacto.

Temas de Justiça e Arrependimento

As críticas de Malaquias à hipocrisia religiosa encontram eco nos evangelhos, quando Jesus repreende fariseus e escribas por tornarem pesados os fardos da lei para o povo, sem oferecer auxílio (Mt 23:4).

A insistência em justiça, amor ao próximo e integridade no culto remonta ao espírito de Malaquias, mostrando continuidade temática entre as Escrituras.

Relevância Escatológica

A profecia do Dia do Senhor em Malaquias 4:1–3 ganha nova dimensão quando comparada com passagens do Apocalipse de João.

O chamado à vigilância, à purificação final e ao juízo vindouro permeia toda a Bíblia, unificando as promessas divinas de restauração e separação final entre justos e ímpios.

Como o Profeta Malaquias Inspira Vida Devocional

Leituras Diárias e Reflexões

Para quem deseja mergulhar na mensagem de Malaquias, recomenda-se leitura devocional organizada em um ciclo de sete dias:

  1. Dia 1: Contextualize o profeta e o momento histórico (Malaquias 1:1).

  2. Dia 2: Medite sobre a qualidade das ofertas e reverência a Deus (Malaquias 1:6–14).

  3. Dia 3: Reflita sobre a responsabilidade dos líderes espirituais (Malaquias 2:1–9).

  4. Dia 4: Considere o valor da fidelidade conjugal (Malaquias 2:10–16).

  5. Dia 5: Analise o chamado ao arrependimento financeiro (Malaquias 3:6–12).

  6. Dia 6: Estude a separação entre justos e ímpios (Malaquias 3:13–4:3).

  7. Dia 7: Ore pela vinda de “Elias” e pela preparação para o Dia do Senhor (Malaquias 4:4–6).

Em cada dia, o devocional inclui oração, perguntas de autoconfronto e compromissos práticos para viver a mensagem do Profeta Malaquias.

Devocionais em Grupo

Comunidades de fé podem organizar encontros semanais dedicados ao estudo de Malaquias, seguindo um roteiro que inclua:

  • Apresentação Histórica: Breve introdução ao contexto pós-exílico.

  • Leitura Pública: Leitura de trechos-chave em voz alta.

  • Discussão Guiada: Perguntas como “Como nossa igreja se compara aos sacerdotes criticados por Malaquias?” ou “Em que áreas de nossa vida precisamos demonstrar fidelidade semelhante ao que Malaquias exige?”.

  • Aplicação Prática: Projetos sociais, campanhas de arrecadação de alimentos, grupos de apoio a famílias.

  • Encerramento com Oração: Clamor por restauração espiritual e vigilância eschatológica.

Conclusão

O Profeta Malaquias, último dos profetas menores, ofereceu uma mensagem poderosa para sua geração e para as posteriores.

Ao confrontar a corrupção cultual, a infidelidade conjugal e a negligência com justiça social, ele destacou que Deus exige integridade de coração, ações alinhadas com a verdade e compromisso com o próximo.

Sua profecia escatológica, apontando para o envio de um precursor semelhante a Elias, estabelece um elo entre o Antigo e o Novo Testamento, cumprido no ministério de João Batista e em última instância na vinda de Jesus Cristo.

Para a comunidade contemporânea, a mensagem do Profeta Malaquias continua relevante: desafia líderes religiosos a examinar seu próprio exemplo, convoca famílias a preservar o valor da aliança matrimonial, incentiva o serviço generoso aos necessitados e lembra a todos sobre o Dia do Senhor que virá com juízo e cura.

Ao contemplar a vida e o ministério do Profeta Malaquias, sejam indivíduos ou congregações estimulados a uma avaliação sincera de suas práticas espirituais.

Que o núcleo do ofício profético — chamar ao arrependimento e proclamar as promessas de restauração — inspire ações concretas de fé, esperança e amor em um mundo que ainda clama por justiça e verdade.

Com a Palavra eterna de Deus através do Profeta Malaquias, somos convocados a oferecer a Ele o melhor de nossas vidas e a viver em santidade enquanto aguardamos o seu glorioso Dia.

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